sábado, 6 de junho de 2009

Não me tire sua companhia ausente

Ela me acompanha
numa garrafa de vinho, vamos escutar uma canção?
Ela diz sim
Eu aqui sentada, ela só olha e observa
meus delírios perpétuos,
meu amores personificados
crises existenciais (essas então...)
Ela já enxugou e provocou minha lágrimas
AH! Vai, não seja covarde, sua mimada (eu)
Tá bom... me acompanha?
Nesse pranto e gargalhada
Fica aqui comigo para sentir a brisa, que dá uma sensação de liberdade
AH! Fica, por favor? Já li essa páginas umas dez vezes... fica? Preciso me distrair, mais do que já estou
Preciso falar da minha época pequenina... só tenho ela como passado... agora sou juventude
Ainda não vai... estou quase dormindo, essas uvas alcoolizadas
Pena que não fazes cafuné... não?...
Ah Solidão... por um momento te achei completa e perfeita

domingo, 31 de maio de 2009

Indagação tem teu nome

Como posso apaixonar-me por algo ainda tão desconhecido

Como  posso apaixonar-me por um jeito que se apresentou a 5 minutos, entretanto tão íntimo para mim

Como consegui me despir tão rapidamente

Falo da minha alma, mas teria me despido roupadamente  na mesma velocidade

Ainda não posso obter respostas, se não tenho quem as responda

Tenho somente indagações, de como?

Como posso passar o dia vendo um sorriso misterioso e fácil, um sorriso que

se abria e me mostrava toda sua essência, um movimento mandibular embriagado

Como posso voar se nem consigo me levantar (a melhor posição para se remeter lembranças é deitado), só almejo pensar naqueles movimentos

Como posso sentir tanto medo de ficar no “amor inventado”

Como posso querer uma voz cantando e ativando meus sentidos

se tais melodias não eram para os meus ouvidos

Eu, uma desconhecida para aquele corpo

Aquele corpo, já tão desejado, como se fosse meu

Como se eu o tivesse vasculhado há muito tempo

Como posso sentir uma sede tão grande daquele encontro de bocas, achado em um ambiente até então vazio, mas que em uma batida de asas tornou-se tão completo

Cadê o retorno de tais indagações? Não sei

Minha única afirmação é que tentarei me transportar todos os dias para pensamentos tão longe de mim

E que ficarei esperando ouvir tua voz via satélite

 

Casa

  Era uma casa muito engraçada. Tinha teto, tinha tudo. Todo mundo podia entrar nela.

  Era uma casa muito engraçada. Com uma parede azul, uma porta vermelha, um quadro abstrato, que mais parecia um papagaio, outra parede ainda azul com umas gravuras do tio Armando que pareciam pentelhos de mulher. Tinha livros, uma galinha de barro. Eu dormia nela sim, porque na varanda tinha uma rede meio torta que de vez em quando dava uma dor na coluna, porém, quentinha e simpática. Podia fazer pipi, no entanto tinha que esperar um pouquinho (só existia um banheiro).

  Era uma casa muito divertida. Na sexta-feira eu comia uma massa com molho gostoso, tomando, quer dizer entornando, um vinho tinto seco, de preferência Cabernet Sauvignon. Quando tocava o Chico do meu irmão eu dançava, o Blues Brothers do Tropeço eu puxava para dançar, na vez do Caetano eu me apaixonava.

  Era uma casa em que eu tinha um quarto para me diverti (ou não) sozinha. Pintar flores e frases na parede, ver filme, chorar, planejar: uma dieta, o dia de amanhã, dominar o mundo… Podia fazer faxina ou simplesmente dormir e sonhar.

  Era uma casa que tinha um quintal com um coqueiro, uns bagulhos e um sol no sábado de manhã, que era só meu e da Kalú. Acordava bem cedo para pegar ele e ficar preta.

  Ixi! Tinha um vizinho com uma tosse, que todo dia parecia ser o dia da morte. O escarro começava cedinho e nem sei quando terminava, era semelhante a um exorcismo.

  Ao lado direito parentes. Os arrotos do primo e do tio ouviam-se de longe. A voz de comando da prima “Dot, Bela, Malú! Pra varanda, xixi, bora xixi”, seguido de “au, au, au” (histéricos), já tinha virado quase um despertador.  A tia quase não se ouvia, só quando ela chamava a Eliete. Lá os finais de semanas, boêmios, eram regados de música e discursos hilários.

  Era uma casa com uma mãe histérica (“seus merdas, vocês não tem pena de mim. Quando eu morrer vocês vão falar ‘eu matei minha mãe’ ”), maluca (“prontico PI…”) , amorosa (“faz a boneca beijoca”), cheia de planos (“Gabi ta aqui o projeto da nossa casa”) e sábia (ela é antropóloga, arquiteta e professora de artes). Um irmão sarcástico, cheio de piadinhas inteligente (ou não), amado e com a alma mais pura que já conheci. Um padrasto idêntico ao Tropeço da Família Adams, e que como todo bom psicólogo era lento (“Éeeee…”) e meio peculiar. Uma pastor-alemão boba com os donos e caçadora de ratos e pombos. Uma cunhada companheira (“Bora no comércio?”) e imprevisível. Tinha um sobrinho que é o meu bem mais precioso, palhaço igual ao pai. Por fim uma garota “metamorfose ambulante”, que só quer ser feliz… Ah! Já ia me esquecendo. Tinha também visitantes, entre os mais queridos, Domi e Mandoca.

  Era uma casa com muito aprendizado, brigas, choros, reconciliações, beijos, desenhos no pé, muitas cores, aconchegante, bagunçada e com cheiro de incenso e colônia alfazema. Lá aprendi que: “o amor me move, só por ele eu falo” (Dante Alighieri), que “só o amor me ensina onde vou chegar” (não sei) e que “não há nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã” (Victor Hugo).

  Era uma casa muito engraçada. Era feita esmero, na rua dos felizes, número 600.

 

 

P.S: Não sei se escrevo no passado ou no presente. Não sei se fez ou faz parte de mim, da minha vida.

 





Só e mal acompanhada

AH Culpa! Você aqui? De novo? Não acredito...
Como sempre fazendo eu me sentir mal, um caco. Fazendo com que eu me interrogue, como se fosse uma bandida sentada no banco dos réus, com sentença já decretada. Fazendo com que aquela perguntinha "E se eu...?" fique me atormentando, me deixando com insônia. Tu és foda!

Parece perseguição, eu sei que é. Seja no porre que me deixou louca, assanhada e com dor de cabeça. Seja pelo dito que não deveria ser dito. Seja pelos dias de gula em que comi uma panela de brigadeiro, um pratão que mais parecia uma montanha, fora a visita na padaria e para piorar a situação não fui ao local de malhar, que mais parece um campo com máquinas de tortura. Ou então, me sentir culpada por aquela transa no primeiro encontro, o que ocorre pelo simples fato de ser impulsiva, e depois ficar pensando "ai, será que ele vai me achar assim ou assado?". Foda-se. Dane-se BABACA.

Enfim...mas o que fazes de pior Culpa, é fazer eu sentir culpa pelo que não fiz. Aí, eu vou, faço tudo que dá na cabeça e...algumas horas depois...me sinto culpada pelo que fiz. Se torna uma espécie de ciclo vicioso, sabe? Tu é chata heim mana? Até nos meus pensamentos, uma área privadíssima, invades. Fazes absurdos comigo. Nossa! Como consigo me sentir culpada por ser eu mesma ou por toda desgraça do mundo. Parece que eu fui lá e tirei a comida do faminto, atirei no peito do inocente ou torturei os que lutam pela liberdade.

Ai Merda!

Agora, não vai te achando "A Dominadora"...já estou grandinha. Sei mais ou menos como tratar com gente da tua laia. Vou usar outro companheiro "Desprezo". Isso! Fingir que nem existes, virar a cara e fingir que nem vi. Assim cai logo dessa postura de dona das minhas preocupações e lágrimas. Ta vendo só! Não és nada do que julgavas ser...admito que ainda me incomoda, porém não com a mesma efusão.

Bom sua medíocre, espero um dia poder virar o jogo, ai você será "A Megera Domada".

[Duas taças de vinho tinto, bem seco. Ai! Será que to virando alcoólatra? Ai que culpa...!]